Tuesday, 28 August 2007
The Art Ensemble of Chicago
Quando era pequeno, gravava cassetes da rádio, tinha um rádio gravador e gravava o que me agradava, fazia cassetes com muita coisa à mistura. Mais cedo, ainda mais novo, até tinha um gravador separado, com micro incorporado, que encostava ao rádio, e lá se compilavam as músicas. Acho que este costume ainda se mantém por entre a população mais nova, reincarnado para o formato MP3, e os tais leitores de MP3, que já devem estar fora de moda, dada a velocidade espantosa que este mundo evolui. Não quero aqui fazer um elogio aos dois formatos sonoros, sendo ambos uma desgraça, mais pronto, interessa a praticabilidade e versatilidade das respectivas tecnologias.
As cassetes eram de ferro, baratas. Apanhava alguma New Wave, como a Lene Lovitch, Devo ou Blondie e coisas sem grande importância que davam na altura. Um bocado mais tarde, consegui gravações de Pharaoh Sanders, Sun Ra, Charles Mingus ou até Olivier Messiaen e Stravinski.
Numa dessas sessões, apanhei o Art Ensemble of Chicago. É claro, que nunca mais os esqueci, e sempre ocuparam um lugar de destaque algures nas partes mais recônditas da minha memória, em especial pelo lado free dos temas, a atitude free ma no tropo. Mais tarde, quando tive acesso a fotografias dos ditos, as tão faladas pinturas de guerra, não deixei de ter interesse. Mas porquê havia de deixar de ter interesse? As pinturas levam-me por associação ao não menos prestigioso, Fela Kuti Anikulapo, mas bom, podia fazer-se uma lista enorme das ligações genealógicas ou espirituais (Coltrane?) que não saíamos daqui hoje.
Lester Bowie e Favors Maghostut já não pertencem a este mundo. O Art Ensemble ainda toca. Sobram as paisagens solares e as texturas acústicas e o groove, a força motora universal.
Theme de Yoyo
Every Day is a Perfect Day , Sirius Calling (Pi Recordings, 2003)
The Art Ensemble Of Chicago
Art Ensemble of Chicago with Djembe Players
When I was young, I used to record tapes from the radio, I had a radio recorder and taped what pleased me, I did tapes with a lot of things mixed together. Earlier, even younger, I even had a separated tape recorder, with a mic incorporated, that I placed next to the radio, and so I’d compile the tracks. I think this habit is still in use among the younger population, reincarnated in the MP3 format, and their famous MP3 players, which ought to be out of fashion, given the fabulous speed this world evolves. I don’t want to make an apology here of the two sound formats, being both a disgrace, but right, what matters are the practicability and versatility of the respective technologies.
The tapes were of cheap quality. I used to catch some New Wave, like Lene Lovitch, Devo or Blondie, and things of no importance that played at the time. A bit later, I did recording of Pharaoh Sanders, Sun Ra, Charles Mingus or even Olivier Messiaen or Stravinski. In one of those recording session I got the Art Ensemble of Chicago. Of course, I’ve never forgotten them, and they have occupied a place of leadership in the most hidden parts of my memory, in particular because of the free side of the themes, the free attitude, free ma no tropo. Later, when I had access to photos of these gentlemen, the so famous war paintings, I didn’t loose any interest. Why should I loose any interest? The paintings take me by association to the no less prestigious, Fela Kuti Anikulapo, but ok, we could do an enormous list of the genealogical connections or spiritual (Coltrane?) but we’d be loosing the point.
Lester Bowie and Favors Maghostut are not alive anymore. The Art Ensemble still plays. Stand up the solar landscapes and the acoustic textures, and the groove, the universal motor force.
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